Na sexta-feira, 22 de setembro de 2023, às 19h, a comitiva do povo Kariri-Xocó apresentou parte de sua visão sobre a vida, sobre a comunidade e sobre o mundo por meio de suas memórias milenares.
Na manutenção da identidade Kariri-Xocó se destaca o Cacique Wyanã Uia-Thê, nascido em 1970. Seu trabalho reuniu diversos cantos, danças e dramatizações, junto de sua família passou a interpretar, produzir e manifestar sua tradição ancestral buscando se reconectar com o planeta, como parte dele que somos. Encerrando sua jornada material em 2022, filhos e parentes mantêm vivas as tradições e divulgam sua cultura para que a memória do povo não se perca. A comitiva, atualmente liderada pelo Cacique Buzurã, já realizou diversos trabalhos pelo Estado de São Paulo e outras unidades federativas do Brasil. Realizam encontros religiosos, culturais e também atividades didáticas em escolas.
Os Kariri-Xocó estão localizados no baixo São Francisco, em Porto Real do Colégio, Alagoas, próximo à cidade de Propriá, Sergipe. A aldeia e o posto indígena ficam perto de uma rodovia do centro da cidade, conectada por uma ponte na BR-101, que é um importante eixo regional. Este grupo é o resultado da fusão de diversos grupos tribais ao longo de séculos de aldeamento e catequese. Seu estilo de vida se assemelha ao de populações rurais de baixa renda que trabalham nas atividades agropecuárias locais. No entanto, a sua identidade indígena é mantida por meio do ritual do Ouricuri. Em 1978, eles revitalizaram essa identidade ao retomar a Fazenda Modelo, considerada parte de seu território ancestral, administrada pela CODEVASF, o que estimulou uma reformulação positiva de sua identidade como “índios” e como Kariri-Xocó.
O ritual do Ouricuri é central na vida dos Kariri-Xocó, dando sentido à terra, família, identidade e liderança. Estrutura suas vidas com base no sagrado e no misterioso, resistindo à influência da sociedade nacional. Esse ritual é essencial para a coesão do grupo.
Realizado durante 15 dias em janeiro-fevereiro, o Ouricuri envolve a oferta de alimentos acumulados durante o ano em uma clareira na mata, onde os participantes ficam alojados em construções de tijolo. É o momento de cantos, danças e ingestão de jurema, resultando em transe.
Eles também mantêm a tradição da dança do toré, com uma versão mais ritualizada que evoca o segredo do Ouricuri.
A materialização de sua identidade, incluindo o Ouricuri e o Toré, demonstra que, apesar dos desafios de integração, eles permanecem índios, fortalecidos pelo segredo ancestral dos povos originários.
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